sábado, 27 de dezembro de 2008

Por que pós-orgânico?

Alguns amigos têm me perguntado a razão do nome do blog ser pós-orgânico. Esse nome nasceu da leitura do livro " O Homem Pós-Orgânico", de Paula Sibilia (Ed. Relume Dumará), aliás um livro extraordinário apesar de oferecer uma leitura não tão fácil pela utilização de uma terminologia bastante específica. A autora trata exatamente da extensão dos limites humanos pela utilização das novas tecnologias, utilizando-se da comparação com as tradições prometéica e fáustica, a primeira que respeita a evolução mas sempre dentro de limites "naturais" do ser humano e a segunda que busca ultrapassar esses limites e controlar a vida, sendo senhor do futuro e do seu próprio destino.

Diante dessas comparações, a autora busca apresentar o modelo pós-moderno, onde o real e o virtual já não possuem diferenças. O que antes era somente uma cópia em miniatura da realidade criada pelo ser humano agora passa a ser tão real quanto tudo que nascemos conhecendo como a verdadeira realidade divina. Aliás, várias inovações só reforçam essa visão. Inovações que estimulam o cérebro humano tanto quanto experiências naturais. Quando penso nesses novos estímulos criados pelas máquinas sempre me lembro de dois filmes. O primeiro é Matrix, um clássico sobre a tecnologia e filosofia. Assiti esse filme umas dez vezes e sempre me pego pensando sobre as possibilidades trazidas pelos autores. Obviamente a idéia de estarmos vivendo em um mundo virtual controlado por agentes externos (deuses, monstros ou máquinas) não é tão nova, mas a idéia de não haver diferença perceptível entre virtual e real foi transmitida de forma magistral.

O segundo fillme é menos intelectualizado. Nesse filme o Silvester Stalone é congelado e novamente trazido à vida mais de 100 anos depois. E há um momento da trama em que ele e a mocinha resolvem fazer sexo. Enfim, depois de 100 anos sem sexo é tudo que Stalone poderia pedir a Deus. Então a moça coloca um capacete e começa sua sessão de prazer virtual. Utilizando somente o pensamento, os dois trocam estímulos elétricos que geram prazer físico. Apesar do protagonista não aceitar esse novo tipo de prazer, o que é mais interessante é que as sensações são reais e a ausência do toque físico tradicional não impede o prazer. Falaremos sobre esse tópico na próxima publicação.

Enfim, a visão pós-orgânica deriva do pós-modernismo. É a ampliação das capacidades do ser humano pela utilização da tecnologia e todas as consequências advindas disso. Consequências que podem ser pensadas em termos sociais, profissionais, pessoais, amorosos, enfim, em qualquer atividade humana. E foi a partir desse novo conceito que comecei a pensar nas consequências da utilização das novas tecnologias e a discuti-las. Pronto, agora está explicado!

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