domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma Nova Forma de Amar! Amar?

Conforme prometido na última postagem, o tema de hoje é a influência da tecnologia sobre os relacionamentos amorosos. Acredito que essa influência esteja cada dia mais visível no nosso cotidiano. Lembro-me bem como as coisas aconteciam há 20 anos atrás. Conhecíamos outras pessoas pessoalmente, em algum grupo em comum, fosse na escola, nos clubes ou por meio de amigos. Hoje ainda funciona dessa forma, mas não exclusivamente.

Com o início da expansão do conceito de conectividade, a presença física não é mais um fator fundamental para conhecermos pessoas. Vemos exemplos disso todos os dias. Pessoas que se conhecem pela internet e, muitas vezes, conseguem aprofundar o relacionamento e mesmo começar um namoro sem ao menos se conhecerem pessoalmente. Além de possibilitar relacionamentos à distância, as tecnologias que proporcionam conectividade expandiram nossas possibilidades de conhecer pessoas. Essa atividade tão importante para definirmos quem somos e do que gostamos não está mais restrita aos grupos próximos fisicamente. Podemos acessar grupos de qualquer país em uma mistura de culturas e maneiras de pensar enorme. Isso amplia nossa chance de conhecer pessoas que nos pareçam interessantes e com as quais compartilhemos afinidades que podem levar a um sentimento mais profundo.

Isso parece ótimo, pois permite que não fiquemos presos a grupos que não nos dizem muito só por falta de opção. Por outro lado, o acesso a uma quantidade enorme de pessoas e pensamentos talvez esteja gerando uma dificuldade em aceitar o outro. Bauman, em diversos livros, apresenta o conceito de realidade líquida. Tudo ficou mais rápido, mais líquido, mais difícil de consolidar. Não existe um interesse real em procurar entender o outro e aceitar as diferenças porque as opções estão muito mais próximas. Por que devo investir meu tempo tentando me harmonizar com alguém quando há tantas outras pessoas com as quais posso tentar sem tanto trabalho? A dedicação a uma só pessoa ficou fora de moda. Hoje vale o prazer rápido e que não demande muitos sacrifícios.

Será o fim do romantismo? Provavelmente. Cada dia mais vemos que ninguém está disposto a mudar seu modo de ser para melhorar um relacionamento. Aquela frase conhecida: “Tem que gostar de mim como eu sou”. Pessoalmente, acredito que o egoísmo e o egocentrismo estejam cada vez mais fazendo parte do modelo de pensamento reinante. Virou moda ser superficial nos relacionamentos. Está chegando ao fim o aprendizado mútuo, que se origina das dificuldades encontradas no dia-a-dia.

Ninguém gosta de sofrer, mas de onde virá o aperfeiçoamento do ser humano sem nenhum sofrimento? Como podemos imaginar ser pessoas melhores se não estamos dispostos a abrir mão de conceitos nem por amor. Haverá amor em um ambiente de tanta facilidade?

Na próxima postagem discutiremos alguns avanços tecnológicos que vão levando a humanidade nesse sentido.